sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Capítulo 14


Capítulo 14
Por mais que Demi tenha tentado resistir à tentação de ler enquanto estava no balcão de empréstimos, porque parecia uma falta de respeito com as pessoas que necessitava de sua ajuda, nesses momentos se justificava dizendo que era para o prêmio de ficção dos Young Lions. Essa manhã, quando os pedidos de empréstimos ainda não tinham começado a amontoar-se sobre sua mesa, abriu um dos textos que a havia tocado. Era o primeiro romance de uma jovem britânica cujo pai era um premiado romancista. Demi estava absorta lendo, tentando discernir a influência estilística do pai, quando ouviu que Liam exclamou com um tom de voz muito alto:
— Olá de novo! Sobressaltada, Demi se deu conta de que não falava com ela, e sim com a mensageira das tatuagens, que havia retornado.
— Hey — disse a garota olhando para ela, e não para Liam. —
Assina aqui. Entregou-lhe uma bonita bolsa preta e rosa, que ela escondeu imediatamente atrás da mesa. Assinou e praticamente conteve a respiração enquanto esperava que a garota partisse.
Então, olhando para baixo, para a bolsa que tinha ao lado de seus pés. Viu que havia um envelope preso com um clipe nas alças pretas de plástico. Pegou e o abriu.

Bom dia Demi,
Fiquei contente de ver você na noite passada na galeria. Espero que tenha gostado da exposição e de nossa conversa, o que me leva para a bolsa que lhe foi entregue. Dentro encontrará um par de sapatos Louboutin e um pouco de roupa íntima. Por favor, se troque e coloque as duas coisas agora mesmo. J.


Suas mãos tremiam quando colocou a nota dentro de sua bolsa Old Navy.
— Agora, sério, Lovato, o que está acontecendo? — perguntou Liam, aparecendo atrás dela.
— Nada. — respondeu.
O telefone da mesa tocou e, por sorte, seu colega se afastou para atende-lo, deixando-a sozinha com a bolsa. Olhou dentro e viu uma caixa preta plana, envolta com um laço dourado. Nela estava escrito em relevo com letras douradas: AGENT PROVOCATEUR: SOIRÉE.
Era impossível que pudesse abri-la na sua mesa sem que ninguém se desse conta.
— É para você. — disse Liam passando o telefone. Demi o olhou com curiosidade e ele encolheu os ombros.
— Alo? — disse.
— Demi é sua mãe. Sentiu que o estômago encolhia.
— Mamãe, estou no trabalho. Por que ligou aqui?
— Não o faria se me telefonasse de vez em quando. Acha que isto é fácil para mim?
— Ok, sinto muito. Está tudo bem?
— Sim. Estou me acostumando a ficar sozinha. Se é que a gente pode acostumar-se a isto.
Demi tinha a esperança de que sua mudança para Nova Iorque a fim de obrigar a sua mãe a começar a viver sua própria vida, a parar de usar seu status de viúva e mãe solteira como desculpa para evitar tudo. Mas era evidente que tinha sido uma idéia ingênua e simplista.
— Mamãe, de verdade, agora não posso falar.
— O que vamos fazer para seu aniversário?
— O que?
Faltavam duas semanas para isso. Demi não tinha pensado muito nisso e, certamente, não tinha contado com a presença de sua mãe.
— OK, se você insiste, eu vou te ver e jantaremos juntas. Reserve algum lugar perto da biblioteca. Quero ver seu escritório — disse a mulher.
— Demi? — Ela olhou para cima e encontrou Blanda. — Que diabos está fazendo?
— Ah... Nada. — respondeu ela. Logo se dirigiu em voz baixa ao telefone. — Tenho que desligar.
— Isso era uma chamada pessoal?
— Não. — mentiu. Viu que Blanda viu a bolsa de compras e Demi a chutou para baixo da mesa.
— Diga a Liam que ocupe seu lugar. Há um reunião dos Young Lions dentro de dez minutos.

                                                ***

A sala de conferência estava menos cheia que na última reunião.
Aparentemente, só estavam presentes os membros do comitê de leitura do prêmio de ficção, o que fazia ser impossível Demi passar despercebida.
— Sente-se aqui, Demi — indicou Blanda, puxando uma cadeira a seu lado, enquanto ela se sentava junto ao Joe.
Demi pôde sentir o olhar ardente sobre ela, mas manteve os olhos fixos no caderno de notas que tinha diante dela. Ela pensou na nota com as instruções que tinha ignorado. Irracionalmente, teve um momento de pânico. Então se deu conta do absurdo que era isso. O que importava que ele não gostasse de seus sapatos? Quem ele pensava que era para lhe dizer como devia se vestir? Possivelmente ela preferisse os sapatos cômodos e a roupa íntima prática. Ela era uma pessoa normal, não uma foto da Camilla Belle na parede de uma galeria de arte ou Bettie Page naquele livro.
Joe começou à reunião com uma revisão dos candidatos ao prêmio e um prazo para que todos fizessem a sua seleção entre os livros que deviam ler. Uma discussão se seguiu sobre a eliminação de uma coleção de histórias curtas, mas Demi mal podia seguir uma palavra do que foi dito. A única vez que se atreveu a olhar para cima, Joe estava gesticulando com as mãos e ela imaginou essas mãos tocando-a, ajudando-a a se vestir como Jess tinha feito, mas, ao contrário da ruiva, ele a abraçaria e cobriria seus seios nus...
— Demi? — disse Joe.
Ela o olhou e sentiu como o calor invadia seu corpo. Em questão de segundos, tinha a frente úmida de suor. Qual era o problema? Estava tendo um ataque?
— Sim? — respondeu.
Sua voz tinha saído normal? Não sabia. Era tão condenadamente lindo... Como os presentes podiam mostrar-se indiferentes a esse fato? Todos exceto Blanda. Demi não pôde deixar de notar em como sua chefe se inclinava para Joe, sorrindo e atuando de um modo quase frenético. Era difícil associar esse comportamento com a irritação frequentemente que tinha de enfrentar quando lidava com ela.
— Tem algum comentário sobre os romances que tem lido até agora?
Ele sorriu paciente. Demi sentiu os olhos espectadores de todos os presente.
— Isto... Sim. – respondeu. — Acabo de terminar um romance policial que recorda a Tana French, mas ambientada no sul durante os anos setenta. Sem dúvida, uma aspirante a ter em conta.
— Sorte que dei com alguém com tempo para ler. — exclamou Blanda, como se ela pessoalmente tivesse encontrado Demi debaixo de uma pedra. — É uma lástima que Margaret não pode ajudar este ano. — lamentou outro dos leitores do comitê com saudade. — Tem um gosto impecável.
— Por que não pode ajudar este ano? — interessou-se Demi.
Tudo aquilo tinha sido uma má ideia. Possivelmente Margaret pudesse ocupar seu lugar no comitê. Desse modo não teria que ir ao trabalho sem saber quando eles iriam ter reunião com Joe. Era muito prejudicial para sua tranquilidade. Demônios era muito prejudicial até para sua respiração.
— OH, por favor, Demi. A pobre mulher quase não pode ver, nem pensar de ler uma pilha de livros num mês. — respondeu Blanda.
— Temos todos os leitores que necessitamos. — interveio Joe. — Quanto aos escritores, já é outra história. Como levamos a substituição do Jonathan Safran Foer? Alguma proposta?
Alguém sugeriu Jay McInerney e todo mundo grunhiu:
— Outra vez?
Demi sabia qual a escritora que desejava ver na biblioteca.
Acabava de ler pela segunda vez Stateof Wonder. E adorava que Ann Patchett tivesse aberto sua própria livraria em Nashville quando todos outros estavam fechando.
— Que tal Ann Patchett? 
Ouviu-se um murmúrio na mesa.
— Preferimos alguém de Nova Iorque. — objetou Blanda. —
Necessitamos que estejam presentes a muitos eventos e as pessoas de fora da cidade sempre pedem reembolso com os gastos de viagem.
— Não é má ideia. — contradisse Joe. – A vi num reavivamento do programa "Colbert Report". É realmente encantadora. — É uma tremenda defensora da comunidade de leitores. — comentou alguém.
— Exploremos a possibilidade. — decidiu Joe. — Incluam na lista de candidatos. E Dóris, talvez você possa ligar e verificar com Harper Collins como está a agenda. Demi viu que todo mundo se levantava e recolhia papéis e canetas. A reunião tinha terminado.
Ficou de pé de maneira apressada e pendurou a bolsa no ombro.
—Demi, fique. Que o repassar algumas coisas que precisam ser feitas. Blanda pode se arrumar lá embaixo sem ela um pouco mais de tempo?A mulher estava visivelmente irritada.
— Não pode fazer disso um hábito. — protestou, mas não disse mais nada.Quando o último atrasado se retirou, Joe fechou a porta.
Com chave.
— Adeus a minha teoria de sua sensibilidade só para os autores masculinos — comentou. — Foi uma boa sugestão. Fico feliz que tenha dado a sua opinião.
Para Demi o comentário pareceu condescendente.
— Não tenho nenhum problema em dar minha opinião. — replicou.
— Mas sim tem um problema em seguir instruções. Vejo que não usa os sapatos que te mandei.
— Não quero usar esses sapatos no trabalho. — justificou nervosa.
Sabia que era um absurdo sentir-se em falta, como se fosse uma colegial que não houvesse comprido uma norma. Mas, era assim exatamente como se sentia.
— Onde estão?
— Bom... Na minha mesa.
— Vá buscar a bolsa com eles e a lingerie. E depressa.
Deu a ordem como se não tivesse nenhuma dúvida de que Demi obedeceria. Só isso já foi suficiente para que lhe desse vontade de lhe dizer que esquecesse, de que podiam se divertir com esses jogos em hotéis e restaurantes, mas não no trabalho.
Mas algo fez conter-se. Deu -s e conta de que, embora soubesse que isso era o que deveria dizer, não era o que desejava. O que ela queria era ver aonde tudo aquilo os levaria. Se não o fizesse, se saísse fugindo, que diferença haveria entre ela e sua mãe?
Sem olhá-lo, saiu depressa da sala e subiu as escadas até o terceiro andar. Passou a toda velocidade pela Sala do Catálogo com a esperança de não ver Blanda. Seria difícil explicar por que estava por ali dando voltas.
Havia algumas pessoas em pé em frente ao balcão de empréstimos e Liam estava tomando conta de tudo.
— Já voltou? — perguntou-lhe.
— Ainda não, me dê mais alguns minutos. — resmungou.
Apenas podia pronunciar as palavras enquanto sua mente ia a mil por hora. Assim devia se sentir alguém quando estava drogado.
Passou a mão pela frente dele e agarrou a bolsa.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx   Oi meninas como vocês estão? Eu estou super gripada, então desculpa qualquer coisa, me conte o que estão achando, amo saber isso de vocês, beijos.
                             Minha banda favorita no memento rsrs'

2 comentários:

  1. Eu estou amando
    Cara,a Blanda e chata abessa toda chefe é..
    acho q o Liam ta comecando a perceber algumas coisas
    to tentando entender essa relacao da Demi com a mae kkkkk
    Posta Logo
    Xoxo

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