domingo, 13 de setembro de 2015

Capitulo 5

Capítulo 5
A rua Rivington era o lugar mais estranho que já tinha visto. Com suas escuras esquinas, as belas mulheres escravas da moda que caminhavam pelas calçadas com seus cigarros e as estranhas fachadas que te faziam se perguntar se eram bares ou lojas. Tudo isso fez que Demi desejasse ter ficado na cama quando Nick, desta vez, acompanhado por Selena, voltou a bater na sua porta insistindo que saísse com eles. Não querendo ficar em casa e continuar obcecada com a cena que tinha presenciado na biblioteca, finalmente concordou. Rodaram pela rua Norfolk e caminharam até o final dela, onde ficava o seu destino, um bar chamado Nurse Bettie. 
— Totó, parece-me que já não estamos em Kansas. — Brincou Demi, usando a famosa frase do Mago de Oz. Selena revirou os olhos.
— Você... Relaxe. — disse 
O bar era um local pequeno, com pouca luz, teto de painéis metálicos e paredes de tijolo cheias de fotografias “vintage” em molduras douradas e prateadas. O balcão era de madeira escura, e atrás havia umas estantes com garrafas de bebidas coloridas. O som da música pop francesa enchia a sala. Em frente ao balcão havia uma mesa alta e longa com bancos de assento vermelho. Demi e Selena se sentaram nos dois últimos livres e Nick se aproximou do balcão para pedir as bebidas. Selena ficou a navegar com seu IPhone. Sempre parecia que estivesse aborrecida e Demi se perguntou se isso seria próprio dela ou algum traço comum das pessoas que tinham crescido em Manhattan. Ela, por sua parte, não podia imaginar-se indiferente ao que a cercava em Nova Iorque. Cada esquina, cada vendedor de comida, cada multidão barulhenta a deixava maravilhada.
— Qual é seu nome de usuário no Twitter? — perguntou Selena.
— Ah... Demi? — respondeu Demi. Sua companheira escreveu algo no telefone.
— A Demi? — perguntou.
— A Demi o que? Selena baixou o telefone e a olhou fazendo um evidente esforço para não perder a paciência.
— Você está no Twitter? — quis saber.
— Acredito que não. — respondeu Demi. Nick se aproximou e deu um drinque a cada uma.
— Dois Moscow Mules. — anunciou. Selena bebeu.
— Hum. Bom. O que leva?
— Vodca Ketel, suco de limão e cerveja de gengibre — explicou Nick. Demi o provou, mas não gostou e deixou o coquetel numa pequena saliência que tinha atrás.
— A que hora começa o show? — perguntou Selena.
Demi não pôde ouvir a resposta de Nick, porque a sussurrou diretamente na boca de Selena antes que começassem a dar o bote.
Ela desviou o olhar e tentou imaginar aonde poderia haver um espetáculo numa sala tão pequena.
— Sobre o que é o show? — perguntou. Não houve resposta. Esperava que fosse música ao vivo, possivelmente um cantor de blues. Isso encaixaria com o ambiente do bar. Quando finalmente seus dois acompanhantes recordaram que ela estava ali, fizeram um esforço por lhe dar conversa.
— Então, o que faz uma bibliotecária durante todo o dia? — perguntou Nick, amável.
Selena a olhou com interesse. Demi não soube se foi pela pressão que sentia em participar de algum modo da noite, ou porque desde que chegou se sentisse deslocada ou pela sincera necessidade de confiar em alguém, mas soltou: 
— Bom, hoje encontrei um casal fazendo sexo. Nick se animou.
— Na biblioteca?
— Sim. — respondeu Demi.
— Possivelmente me precipitei ao rejeitar esse lugar. — disse Selena. Demi tomou outro gole de sua bebida. Continuava muito ruim.
— Nova Iorque está cheio de exibicionistas. — assegurou Nick.
— E o que fez? — quis saber Selena.
— Nada. Saí correndo da sala.Selena e Nick pareceram pensar a respeito.
— Suponho que não se pode fazer outra coisa. A menos que tivesse tido a oportunidade de participar da brincadeira. — comentou Nick.
Selena riu e disse:
— Assim que se fala!.
Apesar de que o tinham convertido em uma brincadeira, Demi se sentiu aliviada ao falar disso. Não sabia o que a desgostava mais, se a ideia de que alguém profanou desse modo sua preciosa biblioteca, ou o fato de que não só conhecia o executor, mas também parecia-lhe atraente. 
— Não disse a ninguém, mas possivelmente deveria ter dito a minha chefe. Quero dizer, e se uma criança os tivesse encontrado?
Demi sabia que isso era improvável, tendo em conta que tinha entrado em uma área restrita. Mas foi o melhor modo que encontrou de expressar sua indignação. — Era gente normal ou tinham aspecto de pervertidos? — Perguntou Selena. Uma imagem dos olhos escuros do homem e de seu rosto assustadoramente bonito surgiu na mente de Demi.
— Que aspecto tem um pervertido? — inquiriu Nick.
— Alguém como você! — exclamou Selena, enquanto lhe dava um soco no braço.
As onze, o bar estava abarrotado. Todo mundo se ia movendo para conseguir um lugar o mais perto possível do fundo da sala e Demi a seguir descobriu o motivo. A música pop francesa foi substituída pela canção Blueberry Hill, do Fats Domino, reconhecidíssima. O fundo da sala se converteu em um cenário banhado pelas luzes azuis e douradas de uns refletores que havia no teto. O cenário iluminado consiste num pequeno forno dava aspecto antigo e uma mesa de forma quadrada. Junto ao forno apareceu uma linda mulher. O cabelo preto chegava pelos ombros e usava uma franja curta. Vestia com um antiquado vestido xadrez, muito apertado na cintura e com a saia em godê, e por cima um avental com os dizeres: "Dona-de-casa feliz". Demi reparou que calçava sapatos de couro preto com plataforma. 
— Leva o mesmo corte de cabelo que você. — observou Nick.
Selena a olhou.
— Sim. – assentiu — Tem que melhorar esse seu estilo hippie de blusas e saias longas que veste do pescoço para abaixo. Mas seu cabelo está muito na moda.
— Não queria ter a franja tão curta, mas estava torta e tive que igualá-la...
— Seja como for, mantenha-a assim. — insistiu Selena. — Fica bem. A mulher no palco se inclinou para abrir a porta do forno e o vestido subiu o suficiente para deixar à vista as meias e cinta-liga. A multidão aplaudiu e uns quantos gritaram. Demi sentiu o primeiro rubor de confusão, mas manteve a expressão impassível.
A atriz tirou um bolo do forno e levou à mesa. Logo fez todo um número para tirar o avental e se abanou com ele antes de joga-lo ao público. De novo, a multidão estalou em gritos e aplausos. A seguir, afundou um dedo no centro do bolo, tirou-o e o lambeu.
— O que é isto? — perguntou Demi a Selena.
— Chist. Olhe. A mulher se abanou então com um guardanapo e ficou de costas ao público.
Com uma mão, abaixou o zíper do vestido, devagar, e o deixou cair ao chão. Demi quase não podia ouvir a música por cima dos aplausos e assobios. Então, a atriz virou-se, vestida só com um sutiã de cetim vermelho pontudo, uma calcinha vermelha, cinta-liga, meias e sapatos.
— Isto é um clube de strip-tease?
— Não! É Burlesque. — explicou-lhe Selena. — Não me diga que nunca viu um espetáculo Burlesque. "Deve estar de brincadeira", pensou Demi.
A mulher desabotoou o sutiã e deslizou as alças pelos ombros. Demi desviou a vista, mas quando voltou a olhar às escondidas para o cenário, o sutiã estava no chão e a única coisa que cobria os arredondados e escuros seios da mulher era uma brilhante mancha vermelha em cada mamilo.Então tirou uma faca e começou a cortar o bolo. O contraste entre o exuberante corpo quase nu e a doméstica tarefa que estava realizando era confuso. Havia os suficientes elementos cotidianos para que Demi sentisse que não estava vendo algo realmente sexual.
Mas, nesse momento, a atriz agarrou uma das partes de bolo e deu uma dentada. Um pouco da geleia de mirtilo caiu entre os seios e ela adotou uma exagerada expressão consternada; deslizou um dedo pelo ventre até o pescoço, recolhendo com ele a geleia e o lambeu com os olhos entreabertos de desejo, enquanto passava a língua pela mão. Demi estremeceu, sentiu que aquela mulher não poderia parecer mais lasciva se estivesse se tocando no cenário. E sentiu como sua própria respiração acelerava, os mamilos endureciam e faziam cócegas dentro do sutiã.
— Vou para casa. — decidiu.
— Não seja ridícula. O espetáculo acaba de começar. — protestou Selena.
— Estou cansada. — replicou.
Pulou do banco e abriu passagem entre todas aquelas pessoas indo para a porta, onde havia uma longa fila esperando para entrar.
Perguntou-se por que sempre se sentia mais a salvo na rua.
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 Ei anonimo obrigado pela dica, vou fazer o que você disse, e por causa de você vou postar mais dois capítulos hoje, beijos.

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