terça-feira, 20 de outubro de 2015

Capítulo 24


Capítulo 24
Pela manhã, o primeiro pensamento da Demi foi para o pingente.
Suas mãos subiram ao pescoço, buscando-o, enquanto se perguntava se tinha sido um louco sonho erótico. Mas não, o pingente estava ali, sentiu seu peso sobre a clavícula e isso a reconfortou lembrava-lhe a realidade de que era escrava sexual de Joe, um símbolo de seu próprio desejo e de si mesma como objeto de desejo. Era como se o mundo pudesse vê-la. Pela primeira vez, os homens a olhavam descaradamente quando caminhava pela rua. Não acreditava que tivesse um aspecto diferente, fisicamente falando; era mais como se pudessem perceber a paixão que fervia no seu interior, como se pudessem sentir a luxúria que a acompanhava por toda a parte.
Levantou-se da cama, com a euforia persistente da satisfação sexual. E então lembrou que era seu aniversário e que iria encontrar-se com a sua mãe.

                                               ***

Era quase meio-dia e levava horas ordenando alfabeticamente as devoluções quando foi interrompida pela visita de Margaret.
— Eu fui te buscar no balcão de empréstimos e me disseram que foi transferida para cá — comentou a mulher. Naquele dia, usava óculos com lentes tão grossas que seus olhos pareciam hipnotizados. — O que você fez para ser exilada assim? Demi sorriu.
— Não sei por que, mas consegui obter o lado ruim de Blanda.
Margaret suspirou.
— Essa mulher é uma tirana. Você trouxe o almoço? Eu pensei que poderíamos nos sentar nas escadas. Hoje não faz muito calor.
Era verdade, seu aniversário tinha levado embora a primavera. O céu estava limpo e não havia umidade.
— Eu adoraria — disse com um sorriso. Colocou a mão debaixo da mesa e pegou o sanduíche de geleia e manteiga que levava no saco de papel marrom. Quando se agachou, o cadeado lhe golpeou o pescoço. Usava-o escondido sob a blusa e quase esqueceu dele.
Encontraram um lugar no alto da escada. Demi levantou o rosto para o sol.

Pensou no primeiro dia que sentou nesse lugar, o primeiro dia que viu Joe. Se não fosse o jantar que teria com a sua mãe esta noite, quase seria feliz. Perguntou-se se ela já teria escolhido o cardápio quando a mulher começasse a fazê-la se sentir culpada.
— Quanto tempo mais terá que ficar no balcão de devoluções?
— perguntou Margaret.
— Não sei — respondeu Demi enquanto desembrulhava o sanduíche. Ela havia passado geleia e escorria do pão. A senhora balançou a cabeça. 
— É uma pena que você chegou aqui numa época tão ruim. Posso ver que sente paixão por isso.
— Oh, é só a Blanda dando uma de chefinha. Não me preocupa.
Posso esperar que passe. Margaret negou com a cabeça enquanto pegava uma uva da salada de frutas que levava numa marmita de plástico.
— Não é só Blanda Eggnschwiller, embora, em minha época, uma mulher como essa nunca teria levado o cassetete. Mas hoje em dia tudo que importa é o dinheiro. Todo o sistema se está vindo abaixo. Todas as bibliotecas estão perdendo financiamento e o apoio dos políticos, que não compreendem o que fazemos. Luisiana perdeu os recursos estatais. As bibliotecas estão fechando, corte de pessoal, diminuindo as horas. Nunca pensei que veria isto.
— O que quer dizer com que Blanda não estaria levando o cassetete?
— Ela não ganhou o posto. Seus pais estavam na comissão. Ainda hoje seguem fazendo grandes doações. Eles compraram-lhe o trabalho. "Interessante", pensou Demi.
— Se só está fazendo isto porque foi um trabalho fácil de conseguir, então provavelmente não fique muito tempo. Parece bastante absorta nos preparativos do casamento. Possivelmente o deixe quando der o sim.
— Como eu disse, pessoas como Blanda Eggnschwiller é apenas parte do problema. Todo o futuro das bibliotecas neste país está em perigo.
— Não fala a sério. Margaret assentiu melancolicamente.
— Infelizmente, sim. Demi sentiu que a bolsa vibrava. Pegou o telefone.

Vou examiná-la depois da reunião, a uma. Espero que você tenha seguido minhas instruções e levado com você a caixinha preta. J.

Voltou a colocar o telefone na bolsa. Por que Blanda não tinha lhe avisado da reunião? Ou disse e o tinha esquecido? Não era próprio dela esquecer algo assim, mas em vista do tão distraída que ela andava ultimamente, não o descartava de todo. Não soube o que fazer. Se ia à reunião quando não deveria ir, Blanda se zangaria. Mas se perde a reunião quando deveria ir, seria muito pior.
— Tenho que voltar para trabalho — disse. Colocou o que sobrava do sanduiche no saco de papel e sacudiu as mãos.
— Eu não queria assustá-la — desculpou-se Margaret.
— Não, não é isso. Acabo de me inteirar de que tenho uma reunião e Blanda não me disse nada. Não sei o que está acontecendo.
A senhora concordou com a cabeça, como dizendo: "Viu? Não disse". Enquanto subia a escada, Demi lembrou que Joe mencionou na sua mensagem que não só havia uma reunião, mas também como devia preparar-se para ela. Ela parou e abriu a bolsa, procurou a caixinha preta quase certa de que a levava, mas durante um momento seu coração parou, não estava completamente certa. Quando seus dedos se fecharam sobre ela, suspirou aliviada.
Notando o ambiente frio do vestíbulo pelo ar condicionado, ela ficou arrepiada. Com um estremecimento, pensou no segredo que só Joe e ela compartilhariam durante a reunião e, com a caixinha ainda na mão, sorriu. Demi entrou na Sala de Reunião e quando Blanda a olhou com visível irritação, soube que tinha cometido um engano ao participar da reunião, mas já era muito tarde para voltar atrás. Sem saber onde sentar-se, ocupou um lugar duas cadeiras depois da sua chefe. Percorreu a sala com o olhar, mas não viu o Joe. Ela se mexeu desconfortavelmente no seu assento, o dilatador de metal que tinha posto tornava improvável que pudesse permanecer sentada durante toda a reunião. Ainda não podia acreditar o que acabava de fazer. Ela tinha se trancado no banheiro, abaixou as calcinhas e lentamente colocou o objeto no bumbum. Deixando de lado sua apreensão mental, o ato físico tinha sido surpreendentemente fácil.
— Blanda quer que você se sente a seu lado — disse-lhe Lesley Byrd, um dos membros mais antigo do conselho.
— De acordo — concordou Demi.
Ela se levantou e trocou de lugar. Blanda a observou com um olhar assassino. Quando se sentou a seu lado, inclinou-se para ela e sussurrou:
— Não a convidei para esta reunião.
— Sinto muito. Eu ouvi que havia uma reunião e pensei que talvez a tinha esquecido. Não sabia o que fazer. Achei que o melhor seria vir. Justo nesse momento, Joe entrou na sala. Demi sentiu que o ânus contraindo de maneira automática ao redor do dilatador. Ele a olhou diretamente e o fato de que ele soubesse o que estava acontecendo dentro de suas calcinhas fez que se sentisse muito excitada. Blanda foi esquecida e o desconforto físico também, nesse momento estava presa no seu joguinho com Joe. Esse mundo, seu mundo de sombras com ele, tomou o poder.
— A reunião de hoje será breve — anunciou ele, de pé na cabeceira da mesa. — Sabem que têm dez dias para me dar seu voto para os candidatos ao prêmio, assim estamos num compasso de espera.
Mas Lesley precisa falar das arrecadações de fundos para o inverno.
Lesley, são todo seus.O homem lhe dedicou um amplo sorriso. 
— Obrigado, JoeOlhou seu caderno de notas antes enumerar sua lista de pontos importantes para a arrecadação de inverno. Suas palavras se converteram em som de fundo. A única coisa que Demi pensava era na pressão que sentia no bumbum, nisso e no esforço colossal que tinha que fazer para não olhar para Joe enquanto sentia em todo momento como Blanda a vigiava com atenção.
Como se estivesse escravizada pela pequena peça de metal no seu interior, sua mente seguia absorta na noite anterior. Imaginou os dedos do Joe no seu clitóris, como os tinha movido em sintonia com o duro objeto no bumbum, fazendo que seu corpo alcançasse uma sensibilidade deliciosa. Pensou em como se sentiu quando ele tirou o dilatador e que faltavam poucos minutos para que voltasse a sentir esse doce alívio.
Quando ouviu que Lesley dizia "E finalmente...", permitiu-se olhar para Joe, mas ele estava escutando ao homem com aparente concentração. Observou como suas mãos se apoiavam sobre um caderno de notas e se remexiam.
Quando todo mundo se levantou e pegaram suas notas, Demi soube 
que a reunião tinha terminado. Ao levantar-se, sentiu que mudou a pressão no bumbum.
— Volta para o balcão de devoluções —ordenou Blanda. — Não desperdice mais o tempo hoje.Demi se sobressaltou.
— O que? — se entreteve procurando Joe com o olhar.
— Preciso que deixe a Demi durante alguns minutos
— ele comentou, e ela se deu conta que ele estava bem atrás dela, enquanto o resto dos membros do conselho se dirigiam à porta.
— De jeito nenhum — respondeu Blanda sem nenhum rastro da habitual jovialidade com que se dirigia a ele. — Já roubou bastante do seu tempo. É uma empregada remunerada, não uma voluntária.
— Eu não estou pedindo — replicou tão baixo que quase foi um sussurro.Demi viu que, durante um fugaz momento, algo passou pelo rosto de Blanda, algo complicado e indecifrável.Depois de fulmina-la com um olhar, sua chefe partiu. Demi olhou para Joe de maneira inquisitiva, mas ele estava ocupado fazendo sair aos últimos retardatários. Então ele fechou a porta com a chave. — Talvez eu deva ir...Sem dizer nada, atravessou a sala e a fez inclinar-se sobre a mesa.Desabotoou a saia e a jogou no chão, em seguida puxou as calcinhas até os tornozelos.
— Abra as pernas — ordenou com a voz cheia de desejo.
Nesse instante, Blanda e tudo o mais foi esquecido. Demi obedeceu e foi premiada com a ardente sensação do dilatador ao ser retirado. Entretanto, sua ausência a deixou sem folego, desejosa de que voltassem a enchê-la. Joe a manteve nesta posição, deslizou uma mão por baixo e acariciou o seu clitóris com o polegar. Demi mordeu o lábio para evitar gemer e então ele parou de tocá-la. Ele continuou com uma mão apoiada na parte baixa de suas costas. Ela se contorcia incapaz de ficar quieta. Ouviu um som, mas se sentia desorientada pela necessidade de desfrutar da pressão de suas mãos sobre a pele, no seu interior. Somente quando acreditava que não poderia suportar mais, ele abriu-lhe as pernas ainda mais com as palmas das mão e, com uma rápida investida, encheu-a por completo.
— Oh! — ela gritou, enquanto tentava segurar-se na mesa.
Joe ficou quieto uns segundos, enquanto sua ereção inchada a dilatava. Então, devagar, investiu uma e outra vez enquanto a segurava pelos quadris. Demi sentiu que se perdia nesse ritmo, esqueceu de onde estava, incapaz de pensar em nada mais que na pressão que aumentava na sua pélvis. Começou a gemer de maneira incontrolada e se estivesse minimamente com a cabeça no seu lugar teria ficado preocupada que alguém a pudesse ouvir. Mas todas as terminações nervosas do seu corpo estavam centradas no prazer.
Quando chegou o orgasmo, tremeu como uma convulsão.
As fortes mãos do Joe a seguraram nessa postura até que acabou e, então, para sua surpresa, saiu devagar dela e a fez virar-se.
— Chupe — ordenou.A palavra foi chocante e excitante e Demi se ajoelhou sem vacilar. Meteu o seu pênis na boca, surpreendida pelo sabor ácido de seus próprios fluidos. Mesmo assim, não deixou que isso a detivesse e moveu a língua por todo seu membro, envolvendo-o com a boca, repetindo a sequência até que arrancou-lhe um gemido.
Joe recuou.
— Levanta — ordenou com a voz forte.
Ele a ajudou a ficar em pé e a subiu na mesa, de barriga para cima. Abriu-lhe as pernas com o joelho e subiu em cima dela. Ele afundou dentro dela com ímpeto e iniciou um ritmo frenético que era quase violento. Demi se surpreendeu ao descobrir que seu próprio prazer aumentava de novo, seu sexo reviveu como se o tivessem posto em pausa. Quando Joe gritou e ela sentiu as vibrações de seu orgasmo, uma nova onda de prazer a invadiu.
Depois, sentiu como se retirava de seu interior, mas não se moveu até que ele a ajudou a se levantar com delicadeza. Viu que tinha o rosto excitado e que parecia tão jovialmente bonito que quase encheram seus olhos de lágrimas. A enxurrada de emoções foi maior que qualquer experiência física, maior que qualquer coisa que já tivesse sentido em toda sua vida. Esse dar e receber pareciam não ter limites.Perguntou-se se isso seria o amor. A ideia a assustou.

Um comentário: