sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Capítulo 30

Capítulo 30

Todo o quarto andar estava em silêncio. Demi se deteve frente às escuras portas de bronze da sala 402 e tentou se acalmar. Depois de umas angustiosas horas dando voltas e mais voltas decidindo o que fazer, soube que não poderia sair da biblioteca sabendo que ele estava ali esperando-a. Talvez fosse uma idiota. Ou ainda só tivesse curiosidade por saber o que faria Joe. Ou quem sabe estivesse apaixonada por ele. Nunca tinha sabido o que significava essa palavra: "apaixonar-se". Agora estava claro que era uma maneira de dizer em código "tenho uma desculpa para me comportar de um modo estúpido". Recordou a última vez que tinha entrado nessa sala e tinha descoberto uma mulher nua abandonada ao êxtase com Joe por trás, segurando-a pelos quadris, com a boca levemente aberta e os brilhantes olhos olhando diretamente para ela. Assim reconhecia à pessoa que era então. E não queria voltar a sê-lo. Moveu o trinco, devagar. Cheirava a umidade. Não tinha percebido na última vez, mas o ambiente na sala estava carregado e não era de tudo agradável. Mas parecia tão linda como recordava por sua rápida olhada daquela vez: a decoração clássica inglesa, os livros do chão até o teto e, é obvio, a robusta mesa de madeira.
Desta vez, Joe estava sentado e totalmente vestido.
— Feche a porta — pediu. Demi virou-se e o fez. Ficou paralisada com a mão sobre o trinco, dizendo-se que devia manter-se firme. Diria a ele que somente tinha ido para dizer que acabou: não mais presentes, não mais mensagens, não mais pacotes. Não mais sexo.
Ele se levantou e se aproximou dela. Quando seus passos se detiveram, Demi virou-se. Manteve o olhar fixo no seu ombro, porque temia que se o olhasse no rosto, perderia toda a força de vontade.
— Lembra a última vez que esteve nesta sala? — perguntou Joe.
— Sim — respondeu, sem levantar os olhos. Embora houvesse certa distância entre eles, sentia seu particular perfume e isso fez que desejasse pegar seu rosto, beijar aquele ponto onde o pescoço se encontrava com a clavícula.
— O que viu? — perguntou.
— Eu... vi você fazendo sexo com alguém.
— Estava fodendo com uma mulher — afirmou. — E sabe o que aconteceu quando se foi?
— Não, — sussurrou.
— Continuei fodendo. Mas imaginei que era você. Demi quase desmaiou. Joe a segurou pelos braços.
— Olhe para mim — pediu. Ela o fez e viu que estava perdida. Era tão bonito... Tinha os olhos fixos nela, cravados nos seus, entregando tudo e exigindo o mesmo em troca.
— Imaginei que era você que estava nua diante de mim, que meu pau se afundava profundamente no seu interior e que era de seus lábios de onde saíam os gemidos que me suplicavam mais. E então gozei. Demi se afastou dele e avançou para o interior da sala.
Respirava com dificuldade. Aproximou-se da bonita mesa e sentiu que Joe se movia atrás dela.
— Desde esse dia, desejei inclinar você sobre esse banco, e a ter de verdade. Ela sentiu que os dedos dele se moviam sobre os pequenos botões das costas do vestido e agarrou a beira da mesa. Sabia que devia dizer que parasse que cada segundo que passava ali enfraqueceria tudo o que havia dito a noite anterior e naquela manhã. Disse-se que cederia só uma vez mais. Uma última vez. Seu vestido caiu ao chão.
— Tire a lingerie e fique sobre o banco de mármore de frente para a porta. Com as mãos tremulas, Demi desabotoou o sutiã e tirou a calcinha, deixando ambos num pequeno monte a seus pés. Caminhou então, devagar e tímida, até o banco de mármore junto a mesa. Imaginou que alguém entrava nesse momento, do mesmo modo que ela tinha surpreendido Joe na sua primeira semana na biblioteca e pensou: "Bom, isso fecharia o círculo". Esse seria o sinal do universo que indicaria que aquilo devia acabar. Quis lhe dizer que fechasse a porta com a chave, mas algo a impediu de falar. E sabia que não haveria ninguém que pudesse interrompê-los. Não haveria nenhum sinal, nenhum sinal, nenhuma pessoa ou coisa que dissesse para parar. Tinha apenas a si mesma.
— Incline-se — ordenou. 
—Como ela estava, sua bunda praticamente na minha cara, sei que você se lembra Demi. Oh, era verdade. Ela concordava, lembrava o longo cabelo da mulher tocando o chão, as urgentes investidas de Joe.Apoiou as mãos no banco e se inclinou. Sentiu que o sangue lhe subia ao rosto. Ele se despiu, seu cinto caiu no chão com um baque. E então sentiu suas mãos nos quadris. 
— Já está molhada, Demi? Vou te foder agora. Isso é exatamente o que fiz a ela. Sem carícias, sem preliminares. Limitei-me a afundar meu pênis no seu interior e ela o acolheu. Pode fazer isso por mim, Demi? —Ela não disse nada, mas o certo era que suas palavras estavam fazendo que umedecesse. E então sentiu a grossa ponta de sua ereção separando os lábios do seu sexo. Encontrou certa resistência, mas empurrou devagar e deslizou no seu interior, encheu-a até que Demi pensou que talvez não estivesse preparada.
Entretanto, quando ele retrocedeu, desejou tê-lo de novo no seu interior. Joe se afundou de novo, com força, e ela ofegou. Voltou a retirar-se quase por completo, logo avançando de novo, estabelecendo um ritmo que a levou ao prazer. Seu corpo balançou com o dele e, embora se sentisse um pouco enjoada e seus braços sofriam a tensão da postura, soube que teria que se deixar levar até o orgasmo.As investidas de Joe se tornaram mais duras e rápidas e Demi recordou o que tinha pensado quando entrou e o encontrou ali aquela vez: que parecia haver uma fina linha entre o prazer e a dor. E nesse momento soube que isso podia aplicar-se na sua relação. Era uma fina linha e tinha que aprender a caminhar sobre ela, e não fugir.
— Oh, Meu Deus! — gemeu, ao sentir as vibrações no seu sexo que atravessaram o seu corpo, até que sua boca pareceu entoar um cântico de prazer.E então percebeu que as vibrações vinham de Joe e na próxima vez que gritou, ele também o fez, ao mesmo tempo, seus corpos se uniram num turbilhão de prazer maior do que os dois juntos.Sentado no banco, Joe observou como se vestia. Não fez nenhum gesto de vestir também a roupa e seu corpo nu a distraía. Ali sentado, com seus braços e seu torso bem esculpido, seu rosto de traços aristocráticos concentrados nela, apenas podia prestar atenção no que estava fazendo. Não deixou de dar umas olhadas, pensando que parecia uma obra de arte. Deveria ser ele a quem se fotografasse não quem estava atrás da câmara.Moveu os braços para trás para abotoar o vestido e Joe se aproximou, parou atrás e o fez por ela.
— Obrigada — disse.
— Espera, ainda não acabei. Pegou os jeans escuros que tinha deixado sobre uma cadeira e colocou a mão no bolso dianteiro.
— Vire-se — pediu. Sentiu que colocava algo frio e pesado no pescoço. — Muito melhor — decidiu.
Soube inclusive antes de tocá-lo que o cadeado voltava a estar no seu lugar. E também soube que aquele era seu lugar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário