sábado, 19 de dezembro de 2015

Capítulo 13


Tico e Teco estão em ordem, mas Joseph redigiu uma prescrição médica e pediu para que eu fique alerta a qualquer alteração na visão, enjoos, zumbidos no ouvido e dores de cabeça. Eu poderia ter saído da sala e voltado ao meu trabalho, mas não eu e minha maldita boca gigantesca.

— Como está aquela mimada da Samantha? – quando vi, já tinha feito a pergunta com um cinismo peculiar.

Joseph ergue as sobrancelhas grossas e douradas, um tanto surpreso. Em seguida, estreita os olhos esverdeados na minha direção, fuzilando-me.

— Está falando da minha noiva, Demetria. É Melhor medir suas palavras daqui em diante.

Murcho na hora. O que me deu na cabeça ao fazer uma pergunta dessas? Eu tinha mesmo que soltar uma alfinetada? Que droga, estava tudo indo tão bem!

— Me perdoe, Joe. – engulo com dificuldades. – Então estão mesmo noivos?

— Por que o espanto?

— Sei lá, nunca imaginei vocês dois juntos. – chacoalho a cabeça para os lados, nervosamente.

— Quando você foi embora, nós tivemos um caso. – seguro o ar nos pulmões. – Mas não foi nada sério. Fui estudar em Londres e ela no Rio de Janeiro. – ele leva as mãos aos bolsos da calça de cintura baixa e eu desvio o olhar. – Voltei há dois anos e retomamos o que ficou pendente. – silêncio sepulcral. – O Espírito não lhe contou?

— Sobre o caso ou sobre o noivado? – dou de ombros. – Quer saber, sua vida amorosa não me interessa Joe. – as palavras saem queimando.

— Melhor assim.

— Sim, com certeza. – bufando, arranco a prescrição de sua mão e saio pisando duro dali.
                                                     ≈≈≈

Bato a porta do meu escritório com força. O único quadro preso à parede tremula em desacordo. Recosto-me na madeira laqueada de branco e vou escorregando o corpo, até dar com a bunda no chão.
Estou furiosa, mas não é só isso. Uma tristeza ácida, uma mágoa irritante começa a tomar forma. Meus olhos estão marejados, o corpo estremece, meus lábios se franzem e eu me sinto péssima.
Droga, estou chorando de soluçar. Amasso a prescrição médica e atiro longe, como se isso pudesse fazer eu me sentir melhor. Eu tinha fantasiado esse reencontro de outra forma, não assim. Em meus pensamentos insanos, o vento estaria forte como em comerciais de shampoo e eu caminharia com o vestido sendo arremessado para trás juntamente com meus cabelos dourados. Joseph estaria lá na frente, hipnotizado. Era assim que eu imaginava esse encontro! E em câmera lenta!

Abano-me com as mãos espalmadas, secando as lágrimas teimosas a seguir. Respiro fundo e me aprumo, dizendo ao meu ego catastrófico que eu me garanto, sou muito mais eu. Levanto-me e ajeito a barra da saia, alisando os cabelos para trás das orelhas. Barriga para dentro, peito estufado, cara de matadora. Seco uma última lágrima, jurando a mim mesma não derrubar mais nenhuma. Afinal, não há motivo para tanto alarde.

Joseph é só um cara do meu passado. Tudo bem, reformulando: é só um cara mega gostoso do meu passado. E ele cheira a orvalho e tem uma boca escultural, e seu olhar queima ao toque. E tem um corpo fenomenal, daquele tipo que suspiramos “oh, lá em casa!”.

Merda!

Ligo para Nauane pelo Skype. Cinco segundos depois, numa tremenda sintonia mental, ela atende, já perguntando:

— O que houve? Sério, senti que você estava morrendo e precisava de mim. Já estava com o celular na mão para ligar.

— Ai, Nanie. – choramingo.

— O que aconteceu? Me conte tudo.

Nanie é minha Melhor amiga no mundo e eu a amo. Ainda assim, arranco gargalhadas dela conforme minha narrativa ganha voz. Ok, sei que sou uma palhaça, mas ela poderia se segurar, não? Numa irritação desmedida, faço menção em desligar. Nauane guarda o sorriso, mas não consegue ficar séria e me aconselhar. Recosto na cadeira com fúria e cruzo os braços, na maior rebeldia.

— Não deve ter sido tão horrível como você contou, dona Rainha do Drama. Aliás, no dia em que escrever um livro, já tem um título. Até vejo, em alto relevo: Drama Queen – a rainha do mimimi.

— Cara, você precisa me levar a sério! – sacudo o monitor do notebook, como se fosse a própria Nanie quem estivesse na minha frente. – Estou dizendo, esse foi um dos piores dias da minha vida. Eu só fiz merda, falei besteiras, fui uma imbecil. Nanie, me mate por favor.

— Matarei sim, dentro de quinze dias. – ela revela para meu alívio imediato. – Finalmente consegui as férias vencidas. Portanto, segure essa sua maré ruim, porque quando eu chegar vamos abalar Paraty para sempre.

— Isso se eu não cortar os pulsos até lá. – cerro as pálpebras, derrotada.

— Cale a boca, Demetria. Escute, deve haver algo legal para se fazer hoje aí na cidade. Dê uma checada, saia para uma balada com o Espírito. Encha a cara e seja feliz. – ouço alguém chamá-la. – Droga, eu preciso ir. Mas antes, um último conselho da sua best friend: fique longe do Joseph. – uma pausa para respirar. – Promete?

— Ok, está prometido.




2 comentários:

  1. Gente preciso de mais
    Por favor faz maratona preciso mt mt mt quero saber o q a Demi vai fazer quando ver a Samantha
    Imagino como o Joe deve ter se sentindo,acho q a Demi meio q ta merecendo isso,mas to com pena dela,e pelo visto vai ser bem dificil quando ela perceber q ainda sente algo por ele,por enquanto e so raiva eu acho
    Posta Logo e por favor faz maratona
    Xoxo

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