quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Capítulo 16


— Qual o nome dele?

Joseph faz a pergunta enquanto gemo baixinho. Ele desliza a gaze suavemente sobre meus joelhos e o antisséptico geladinho causa um conforto imediato. A pergunta ecoa e meu cérebro faz a busca. Caramba, qual o nome daquele filho da mãe do meu ex-chefe e ex-namorado? Não consigo me recordar! Isso não é possível, estou com algum problema neurológico sério. Esforço-me a lembrar e entro em pânico com essa pane generalizada. Mas então, o nome daquele indivíduo me é sussurrado pelo meu ego agonizante: Roger.

— Por que acha que alguém é responsável por minha decisão de voltar para Paraty? – interpelo.

— Foi só uma coisa que me passou pela cabeça. Não acho que sua mudança tenha a ver com consciência pesada ou filantropia. – seus dedos acariciam meu joelho direito. Será que ele se deu conta disso? Não digo nada, adoro os choques elétricos que percorrem meu corpo nesse exato momento.

Olhos nos olhos. Ele aguarda que eu responda.

— Roger é o nome dele.

— Hum. – e então, ele percebe o que está fazendo e tira as mãos das minhas pernas apressadamente. – Deixe-me ver sua mão.

Meu punho cerrado se abre, com a palma voltada para cima. Joseph faz a mesma manobra, borrifando o antisséptico e limpando o local com a gaze. Solto outro gemido involuntário e ele me encara, inquisidor:

— Esse cara deve ter feito algo de muito grave.

— Talvez. – viro o rosto, desviando-me de seu olhar profundo. Poucos são os que conseguem ler a minha alma, meus pensamentos. Joseph definitivamente é um deles e não quero correr o risco. – Mas eu já me esqueci, fique tranquilo.

Ele fica pensativo por algum tempo. Não quero falar sobre meus flagelos com ele, aliás, deixei isso bem claro ontem. Mas então, o assunto muda drasticamente e ele inicia: — Quanto ao convite da Samantha… Não deixo que ele conclua a frase.

— Não há com o que se preocupar, não vou aparecer no seu casamento. Se é por esse motivo que está aqui me bajulando, pode ficar sossegado. – uma fúria insana se instala na boca do meu estômago.

— Não era bem isso o que eu iria dizer.

E o que era então? Ah, quer saber? Não estou a fim de descobrir.

— Por favor, posso ir agora? Tenho trabalho a fazer e já me sinto bem melhor.

— Espere o soro terminar. Depois disso, estará liberada. – ele faz menção em me dar as costas e sair, mas então, petrifica no lugar. Parece indeciso, como se precisasse dizer mais alguma coisa. – Por que não me contou sobre a universidade em São Paulo? Soube da sua mudança dias depois, quando fui até a pousada procurar por você.

— Foi me procurar? – ok, ele consegue cem por cento da minha atenção e boas doses de culpa reprimida resolvem esmagar meu peito.

Joe está de cabeça baixa e umedece os lábios, numa tensão que parece estar crescendo. Espero, ansiosa, que ele continue. Ajeito-me na maca para ouvir melhor.

— Achei que pudéssemos nos entender. – ele morde o lábio com uma sensualidade que me deixa sedenta de repente. – Como sempre, eu estava enganado.

— Pensei que não quisesse mais me ver depois do que fiz.

— Eu também pensei. – ele parece engolir em seco e seu semblante denota que está nervoso com o rumo dessa conversa. – Você deveria ter ao menos se despedido. Não fui qualquer um na sua vida, por mais que seus atos digam o contrário. – ele faz uma pausa e estou sem ar. – Sei que fui importante para você, por mais que negue isso.

Eu quero chorar. Cortar os pulsos. Me afogar numa privada malcheirosa. Meu cérebro formula milhões de respostas, mas nenhuma delas ganha voz. Joseph se antecipa antes que eu diga qualquer coisa.

— Eu realmente pensei que tivesse superado essa rejeição. – ele sorri laconicamente. – Quer saber? Esqueça essa nossa conversa, são águas passadas.

— Bem turvas. – murmuro.

— E tempestuosas. – ele completa.

— Doutor? – uma enfermeira aparece do nada. – Um garoto acaba de dar entrada na emergência. Fratura exposta após uma queda de bicicleta.

— Já estou a caminho. – ele responde e seu olhar se atira dentro do meu. Vejo angústia e outro sentimento que não identifico. – Assim que seu soro terminar, aperte esse botão e a enfermeira virá retirar, está bem?

— Hum, hum.

— Qualquer mal estar, peça para chamarem o Doutor Mazer. – ele já está de saída, quando eu digo:

— Me perdoe, Joe. Eu não sabia o que estava fazendo.

Joseph está parado à porta, com a respiração ofegante e os lábios entreabertos, em dúvida. O olhar está cravado no chão e ele parece pensar no que dizer a seguir. Não há nada a ser dito. Tanto que, sem me dirigir o olhar ou se despedir, sai apressado pelas portas vai e vem da sala de observação.


 

Um comentário:

  1. Scoorr geente eu to urrando caralho ela deve ta mt arrependida de ter ido pra SP sem se despedir nele,ele queria voltar com ela meu Deus mano
    Eu to amando mt mt mt ta mt perfeita
    Pfvf faz maratona nunca te pedi nada
    Xoxo

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