sábado, 16 de janeiro de 2016

Capítulo 40 PENÚLTIMO CAPÍTULO

Duas semanas se passaram e minha bunda está quadrada, não aguento mais ficar deitada nessa cama de hospital. Pelo janelão, noto que ainda é noite. Remexo-me, dolorida. Giro a cabeça e encontro a imagem do homem perfeito, cochilando na poltrona ao meu lado. Seu lindo! Devo ter sorrido em voz alta, porque Joseph acorda no susto e se levanta de supetão. Meio segundo depois, está sentado na beirada da cama, alisando meus cabelos para trás, desferindo um beijo suave em minha testa.

— O que foi? Está sentindo alguma coisa?

— Estou de saco cheio de ficar aqui. – choramingo.

— Seu pai disse que amanhã receberá alta. Então, pare de drama e durma um pouco mais. – droga, ele está falando como a Nauane.

Joseph checa os inúmeros medicamentos presos em saquinhos transparentes. Meus braços estão cheios de furos e marcas roxas. Não morri por milímetros, segundo meu velho. A sorte estava do meu lado naquele dia, apesar do ferimento ter sido um tanto grave e profundo.

Ficarei com uma cicatriz ridícula entre os seios. Dezoito pontos externos, fora os internos. Joseph disse que essa é minha marca de guerra, que a beijará todas as noites, só para me lembrar de que ele me ama, incondicionalmente.

Eu beijarei sua marca de guerra também. Doze pontos externos no ombro esquerdo. Quando penso no que poderia ter acontecido, estremeço de ódio. Mas a Samantha está sendo mantida na cadeia e, segundo consta, surtou de vez. Os advogados não conseguiram o Habeas Corpus e só por esse motivo me sinto em segurança. Acho que o final da Samantha não será outro, ela ficará trancafiada por tempo indeterminado em alguma instituição psiquiátrica. De acordo com os primeiros laudos médicos, a louca sofre de transtornos com nomes esquisitos, que só minha mãe entende. Mudo o rumo dos pensamentos quando Joseph se deita ao meu lado. Inspiro aquele pescoço cheiroso, com aroma de orvalho. Joe acaba de arfar, pedindo que eu pare de provocar. Sério mesmo que ele está excitado, comigo nesse estado lastimável?

— Nunca pensou em me procurar? – questiono, sonolenta.

— Milhares de vezes. – ele revela. – E você?

— Perdi as contas. – digo, entre bocejos. – Por que fomos tão otários e orgulhosos? Sei que sou a única culpada aqui, mas um de nós deveria ter feito alguma coisa.

— Já passou, Demi. Agora durma porque quero você inteira amanhã.

— Hum, isso parece bom. – ronrono, maliciosa.

— E tire a mão daí ou não respondo por mim.

— Isso também parece bom.

— Demetria!

— Ok, parei.

                                               ≈≈≈

Finalmente estou deixando o hospital para trás.

Hoje é sábado e Joseph está cheio de segredinhos, nem imagino o que esperar quando chegar à pousada. Desato o cinto de segurança e deito a cabeça em seu ombro, aconchegando minha mão em local proibido para qualquer outra mulher.

Ofegante, ele acaricia o dorso da minha mão com a ponta dos dedos, detendo-se sobre a aliança de compromisso que, aliás, também está usando no anelar direito. Não há sinais daquela alergia e estou sorrindo mentalmente.

— Meus pais ligaram. Virão para o nosso casamento.

— Jura? Vão se abalar lá da Austrália? – levanto a cabeça para fitá-lo.

— Só você consegue proezas como essa. Eles te adoram e ficaram enlouquecidos quando contei as novidades.

— Falou sobre o restante? As marcas de guerra? – questiono.

— Não há necessidade em preocupá-los.

Joseph estaciona a Pajero e não vejo movimento na pousada. Passa das dez da manhã e ninguém, com exceção do Joe, apareceu no hospital hoje. Isso está me cheirando a algo que obviamente me fará chorar. Ele enlaça minha cintura e o imito. Abraçados, caminhamos preguiçosamente pelo estacionamento, passando pela piscina que me causa calafrios, vencendo o jardim central, até entrarmos no gazebo. Finjo surpresa, mas não. Tanto que as lágrimas já vertiam ainda no jardim, mesmo sem saber o que haviam aprontado para a minha chegada. Caramba, tem gente saindo pelo ladrão por aqui. Rostos conhecidos, amigos de longa data, minha família reunida. Cara, o que mais quero da minha vida? Há tanto amor nesse gazebo, tanta felicidade, que não estou cabendo em mim. Cumprimento um por um, despendendo tempo suficiente para todos. Recebo as boas-vindas com um sorriso impresso no rosto, uma expressão que será minha marca registrada a partir de agora.

Satisfeita com a socialização, sento à mesa com Nauane e Guilherme. Esses dois trocam carícias e olhares apaixonados o tempo todo, é tão lindo de ver. Joseph toma assento ao meu lado, trazendo bolo de cenoura com a cobertura chocolate que só minha avó é capaz de fazer. Faço menção em usar o garfo, mas ele não permite. De uma forma extremamente sensual, pinça um pedaço com os dedos e leva até a minha boca. É óbvio que quero gargalhar, mas me seguro. Quando a iguaria já está na minha boca, fecho os lábios em torno dos seus dedos, lambendo a seguir. Boquiaberto, ele ofega e eu engasgo, entre risos.

— E então, já marcaram a data? – Nanie pergunta, deitando a cabeça no ombro de Guilherme.

— Ainda não.

— E o local? – Gui questiona.

— Na praia, é lógico. Precisa ser em Trindade, acha que a prefeitura fecha um local para nós? – indago.

— Consigo isso para vocês. – Guilherme dá um beijo nos cabelos de Nauane e me derreto com a cena.

— E a lua de Demi? Pensam em viajar? – Nanie me encara e o que noto é uma alegria incontida, nunca vi minha amiga tão feliz assim antes.

— Se quiserem velejar, tenho um veleiro zerado que ganhei no poker. – Guilherme confessa, entre sorrisos vitoriosos.

— Ganhou um veleiro jogando poker? – Joseph se sobressalta. – Seu sortudo filho da mãe.

— Velejar é muito romântico. – miro Joe e ele concorda. – Poderíamos passar uns dias em Angra ou Ilha Bela. – sugiro.

— Qualquer lugar com você está perfeito. – ele diz e eu solto um suspiro apaixonado no ar.

— Demi, posso falar com você? – Nanie dá um beijo em Guilherme e se levanta.

— Claro. – colo meus lábios nos de Joseph e mordisco de leve, só para provocar. Ele me encara com desejo e, um tanto contrariado, acaba deixando que eu vá.
                                                  ≈≈≈

Passamos pela piscina e eu me encolho, abraçando-me. Nanie percebe meu desconforto e passa o braço sobre meus ombros, puxando-me para mais perto. Continuamos caminhando até um banco de madeira mais ao longe, debaixo de um coqueiro gigantesco, rodeado de margaridas.

— Estou de mudança para Paraty. – ela conta e me pega desprevenida.

— Está brincando! Jura?

— Já liguei para o Roger e pedi demissão. Só preciso ir até São Paulo para acertar a entrega do apê e preparar a mudança.

— Ah, Nanie, que notícia incrível. – tomo suas mãos, beijando-as. – Cara, podemos abrir uma agência, algo diferenciado. E você pode ficar com o meu quarto pelo tempo que quiser. – ofereço, eufórica.

— Não vou precisar do seu quarto. – ela revela e baixa os olhos, com um sorriso secreto nos lábios.

— Certo, conte tudo.

— Vou morar com o Guilherme. Pronto, falei.

Ai. Meu. Deus.

— Sei que vai dizer que está tudo acontecendo rápido demais e tal, mas eu estou perdidamente apaixonada e a recíproca me parece verdadeira, Demi. Conheço o tipo, sei que galinhas não tem salvação, mas há algo diferente nele, não sei explicar. Quando disse que estávamos pensando em abrir uma agência por aqui, ele nem pensou para fazer o convite, foi logo falando: “Venha morar comigo.” – ela muda o tom da voz teatralmente para encenar o Guilherme.

— Nanie… – ela não me deixa falar.

— Demetria, acompanhei todos os seus casos amorosos toscos, fui contra sua relação com o Roger, detonei com você quando se envolveu com aquele idiota da acamela. Mas, sério, o Guilherme não é como eles.

— Nanie... – novamente ela me corta.

— Sei que posso estar pagando a droga da minha língua, que se esse relacionamento não der certo, você vai dizer “eu avisei.” – a imitação dela da minha pessoa não é das melhores. – Sabe, estou a fim de arriscar para ver no que vai dar. Pode parecer loucura, mas estou com a nítida impressão de que serei feliz ao lado dele.

— Nanie... – ela faz menção em continuar a se defender e eu estresso. – Porra, me escute!

— Tá, fale. – ela recua e tenho vontade de rir.

— Nanie, não vou julgá-la. Para falar a verdade, eu dou a maior força.

— Sério? Nem uma liçãozinha de moral? – ela une as sobrancelhas, incerta.

— Nadinha. Só precisa me prometer uma coisa.

— O que é? – ela aguarda, ansiosa.

— Seja muito feliz.

Ah, essa frase foi o que bastou para essas duas loucas aqui abrirem o bocão e começarem a chorar. Abraçadas ao máximo da capacidade permitida, fazemos juras de amor e amizade eternas. Só me dou conta de que não estamos mais sozinhas quando escuto alguém pigarrear.

Joseph e Guilherme se entreolham, interrogativos. Enxugo as lágrimas que escorrem sem controle e Nauane funga ao meu lado. Nesse instante, tenho a sensação sublime de que a felicidade plena existe e pode acontecer para qualquer um de nós.

4 comentários:

  1. AHH MEU DEUS Q LINDO A NANIE E O GUILHERME ELES SAO MTS FOFOS ELES VAO MORAR JUNTOS Q AMORZINHO
    Joe e Demi meu Deus como podem ser tao lindos? Nem sei o q dizer sobre eles
    JA TA NO PENULTIMO?MAS GENTE Q ISSO NAO PODE SER GENTE Q ISSO EU TO LAJSISS NAAAAAAO
    Ta tao perfeito,pena q ja ta acabando :'(
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    Xoxo

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  2. Que lindo os dois casais
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  3. Que lindo os dois casais
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