quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Capítulo cinquenta e cinco


Joseph 

“Por que esse mau humor filho?” - ela não sabia mesmo? Bianca havia feito um escândalo essa manhã porque eu disse que não a queria por aqui.
“Eu não achei certo o que você fez com Bianca, Joseph , ela é sua esposa e...”

“Não por muito tempo.”

“O que?” - ela perguntou assustada.

“Não por muito tempo mãe, meu casamento acabou.”

“Joseph eu não queria ter que falar sobre isso com você, mas eu preciso. Se isso tiver alguma coisa relacionada com a Demetria eu não vou aceitar.” - como ela sabia da Demetria?!

“Eu estou cansado mãe, Demetria ficando ou não comigo eu não quero mais esse casamento.”

“Demetria esta grávida do Wil filho, você acha que ela ficaria com você? Ela ainda esta de luto ela o amava.”

“Mas ela também me amava mãe, a culpa foi minha por ela ter desistido de mim, eu a afastei, deixei que ela pensasse que não era boa o suficiente para mim. Tudo por causa de você e do meu pai. – eu falei magoado. - Eu não acho que eu tenha feito a escolha certa. Poderia ter sido eu a morrer naquele acidente e eu percebi que se isso tivesse acontecido, o único arrependimento que eu teria, seria não ter estado ao lado dela todo esse tempo.” “Joseph .”

“Eu a amo mãe. Eu não me importo com a opinião de ninguém, eu vou lutar por ela assim que eu conseguir sair desse hospital.”

“Você não pode deixar Bianca assim, Joseph . Ela precisa de você.”

“Demetria não? Eu não vou deixá-la sozinha nesse momento mãe. Mesmo que ela não me perdoe eu não vou me afastar nem dela e nem dos filhos dela.”

“Você sempre quis o que Wil tinha meu filho, eu não vou deixar você estragar a vida dela dessa forma.”

“Isso não tem nada com o Wil mãe.”

“Tem certeza? Eu sei como você é mimado meu filho, o meu medo é que quando você conseguir o que deseja, perceba que não a ama tanto quanto pensa. - minha mãe me olhou preocupada - Você mesmo me disse que não queria ter filhos e agora quer assumir os do Wilmer? Eu não vou deixar você destruir o seu casamento por um capricho.”

“Não é um capricho mãe.” - eu falei irritado.

“Prove-me então Joseph , antes de tomar qualquer decisão eu quero que você me prove que você a ama mesmo e que vai conseguir passar por cima do seu orgulho e ser como um pai para essas crianças. Porque é de um homem assim que a Demetria vai precisar ao seu lado.”

“Eu preciso dela mãe, você não entende. Se eu pudesse voltar atrás e concertar todas as besteiras que eu fiz eu voltaria.”

“Você acha que conseguiria fazê-la feliz Joseph ? Se o seu pai tirar a presidência de você, você vai conseguir ser feliz? Ou vai culpá-la por isso?”

“Mãe.”
“Pense muito bem antes de ir atrás dela Joseph , porque Demetria não precisa de mais problemas em sua vida.” - eu sabia disso, mas também já tinha tomado a minha decisão. Demetria seria minha, mas cedo ou mais tarde.


Demetria

Eu tinha chegado do hospital tão animada. Saber que meus bebês estavam bem e que eu teria um casal tinha me deixado muito feliz. Eu já amava tanto essas duas pessoinhas dentro de mim que só agora eu conseguia entender o que era amor de mãe.

“Demetria” – não notei que Edgar estava me esperando.

“Edgar.” - eu falei e o abracei. - “Eu sinto saudade dele Edgar, ele não podia ter feito isso comigo.” - não consegui me controlar, eu tinha que falar tudo que eu estava sentindo. – “Eu posso imaginar como você está se sentindo querida. Perdi a minha esposa quando Wil ainda era uma criança. – ele falou emocionado. - A dor é horrível, mas eu garanto que passa. Daqui algum tempo, vai olhar para trás e vai conseguir pensar nele sem sofrer minha filha.” ele disse enquanto me abraçava. Enxuguei as lágrimas e dei um pequeno sorriso para ele.

“Eu vou ter um casal Edgar.” - anunciei e ele sorriu, um sorriso tão lindo quando o do Wil.

“Que notícia boa Demetria, nós perdemos o Wil, mas seremos recompensados com dois bebês perfeitos e saudáveis.” “Eu fiquei tão feliz Edgar...” - comentei passando a mão na minha barriga. “Eu aposto que sim Demetria. Você sabe que nós precisamos acertar alguns detalhes, não é?”

“Eu sei.”

“Eu terei que voltar amanhã à tarde, então, teremos pouco tempo para resolver os detalhes. Wil tinha alguns imóveis aqui em Londres, eu imagino que você não quer continuar no apartamento dele.”

“Não.”

“Eu andei dando uma olhada e eu achei um perfeito para vocês três, ele fica bem localizado e perto daqui.”

“Edgar eu não sei se posso aceitar isso.” “Anita me falou que seria difícil convencê-la.”

“Eu só não acho certo.”

“Eu não aceitarei que meus netos sejam criados com dificuldades quando eles não precisam.” “Edgar.”

“Já está resolvido, Demetria. Você e os meus netos morarão nesse apartamento. Colocarei em seu nome, ele é seu. Você também vai receber uma pensão alta o suficiente para que não tenha que trabalhar enquanto as crianças crescem.” “Eu não vou aceitar nada disso, eu não tenho direito a nada que era do Wil.”

“Você pode não ter em papel, mas os meus netos têm e, além disso, Wil te amava eu não conseguiria deixar você passar por nenhum tipo de dificuldade. É isso que eu quero que você tenha em mente Demetria, você não está sozinha, você tem a mim e a Anita.” - ele falou de uma forma carinhosa que me convenceu.

“Eu aceito com uma condição.”

“Qual?”

“Eu vou criar meus filhos da maneira que eu achar melhor. Não quero você e nem Anita dando palpites em como eu decidir Wilcar eles Edgar. Eu vi como a Anita estragou o Joseph e não quero que ela faça o mesmo com meus filhos.” “Tudo bem, eu não quero interferir no seu papel de mãe. Mas quero meus netos por perto, Demetria, eu não pretendo ser um avô ausente.”

“Eu não quero que você seja.” - eu queria que meus filhos fossem rodeados de pessoas que os amassem.

“Eu vou cuidar para que não falte nada a vocês, com o tempo as coisas se acertarão e a dor vai diminuir.” “Eu espero que sim Edgar.”

Dois meses depois...

“Você está tão bonitinha mamãe.” – Iuri falou enquanto eu terminava de me arrumar. Nós iríamos comprar alguns móveis e coisinhas para o enxoval dos bebês. Eu havia me mudado há um mês, mas o apartamento ainda não estava do jeito que eu queria. Edgar me deu carta branca para que eu comprasse o que eu quisesse e era isso que eu estava fazendo. Eu queria que tudo estivesse perfeito para a chegada das duas pessoinhas que eu mais amava no mundo.

“Eu estou enorme Iuri.” – eu tinha muito que agradecer porque todos estavam sempre me mimando espantando minha tristeza.

“Não, você é a mamãe mais sexy que eu já vi.” – até parece, eu sabia que não tinha engordado muito, mas a barriga estava enorme.

“Você é um amor Iuri.” – eu falei e o abracei. Quer dizer tentei abraçar porque a barriga não deixava.

“Eu tenho que passar na Anita antes Iuri.” – Joseph estava em seu
apartamento de novo já há um mês e se recuperando bem pelo que ela me contou, eu evitei ir atrás dele. Não queria ter outro confronto com Bianca tão cedo. Saber que ele estava bem já me deixava aliviada.

                                                   ***

“Anita?” – entrei no escritório procurando por ela.

“Minha mãe não está.”- Joseph ? Eu só tinha aceitado vir aqui porque eu achei que ele tivesse no aparamento. “O que você está fazendo aqui?”

“Minha mãe mora aqui.”- ele disse. “Eu sei, mas...” – fiquei em silêncio. Ele estava encarando a minha barriga. Isso era estranho.”

“Qual é o problema?”- perguntei ofendida.

“Eu não sei é só que é estranho ver você assim.”

“Assim como? Grávida?” – a última vez que nos vimos foi no hospital. Depois da conversa com Anita naquele mesmo dia eu prometi que ficaria longe dele. Joseph estava vivo e isso era o que importava para mim, com quem ele estava e o que fazia já não era da minha conta.

“Sim é, a última vez que eu vi você, você não estava tão...” “Grande?”- eu ri.

“Sim, sua barriga está grande...” – ele falou sem graça.

“Eu sei, são dois bebês Joseph, você queria o que?”

“Você está com quantos meses?” “Quase sete.” – era estranho conversar com ele sobre isso.

“Minha mãe falou que seria um casal.”

“Sim.”

“Isso é bom?” – ele perguntou, é claro que isso era bom.

“Isso é perfeito.”

“Você está bem? Quero dizer eles estão bem?”

“Estão ótimos, eu tive uma consulta essa semana e o médico me garantiu que tudo está indo bem.” – ele me olhou e nós ficamos calados por um tempo.

“ Onde está sua mãe Joseph ?”

“Está lá em cima. Ela sentiu-se mal e pediu que eu resolvesse com você a papelada que o Edgar mandou.”

“Tudo bem então.”

“Demetria?”

“Uhn?”

“Eu sinto sua falta.”

“Não sente não.”

“Sinto. E a única coisa que me impediu de ir atrás de você nas últimas semanas foi o medo de você dizer que não me ama mais.”

“Eu não amo Joseph .”

“Eu não acredito em você.”

“Você é inacreditável.” – eu falei enquanto ele me cercava.

“Quando você vai entender que quando eu disse que te amava eu estava falando a verdade?” – ele sussurrou me olhando intensamente.

“Você não sabe o que é amor Joseph .” – falei.

“Eu sei o que é. Tanto sei que estou cansando de fugir dele. Eu amo você e vou fazer de tudo para que você perceba isso.”

“E a Bianca?”

“Eu vou pedir o divórcio a ela.” – eu só acreditaria nisso quando ele estivesse separado dela. “Sorte a sua então.”

“Eu posso tocar em você?”

“O que?”

“Na sua barriga Demetria, eu posso tocar?” – ele falou e sorriu.

“Pode.” – eu estava com um vestido de linho branco soltinho e um suéter comprido por cima e meu par de botas de couro por causa do frio. Segurei sua mão e coloquei em cima da minha barriga. “Pode tocar Joseph, não machuca.” – sorri para ele.

“Eu sei que não... é só que...” – nesse momento um dos dois me chutou e ele me olhou preocupado.

“Dói quando eles fazem isso?”

“Não. Acho que eles gostam de você.” “Por quê?” – ele me perguntou.

“Porque eles sempre fazem uma festa quando eu estou perto de pessoas que eu gosto.” – só me dei conta do que tinha dito quando ele me olhou surpreso. Enrubesci na hora e me afastei.

“Não, não se afasta eu quero sentir mais.”

“Joseph .” – ele não tinha ideia do quanto isso mexia comigo. Era uma coisa intima demais para mim e isso estava me deixando nervosa.

“Você está uma grávida linda Demetria.” – ele falou ainda sem tirar a mão de mim. “Obrigada.” – ele me encarou e eu recuei, tinha medo de quando ele me olhava assim, eu sabia o que ele estava pensando e no que queria fazer.

“Pode se sentar Demetria. Serei rápido.” – ele disse me surpreendendo com a rapidez com que o clima amigável se desfez.
Sentei-me e o ouvi falar tudo atentamente, os documentos que o Edgar tinha me mandado eram a respeito da pensão que eu receberia e dos bens que o Wil deixou e que um dia seriam dos meus filhos.

“Acho que era isso que você queria não era?” – ele falou secamente.

“Joseph ...” – falei magoada.

“Esquece Demetria, eu não quis dizer isso eu só...”

“Você só disse não é? Você nunca vai me ver de outra forma vai?”

“Eu estou tentando.”

“Pois está tentando muito mal.” – terminei de assinar os papéis e me levantei para poder sair.

“Eu não vou desistir de você dessa vez.” – ele falou enquanto eu ia até a porta.

“A questão é que dessa vez não sou apenas eu Joseph , eu venho com um pacote com dois bebês e um passado que você não tolera, - ele me olhou arrependido. - não diga que você está tentando quando na primeira oportunidade você me ofende.”- falei magoada.

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