quarta-feira, 23 de março de 2016

Capítulo oitenta e oito

Joseph

Acordei com uma sensação estranha, depois de ter falado com os gêmeos eu fiquei tão feliz que não consegui pensar em mais nada. Maria evitou tocar no nome da Demetria, e me garantiu que estava tudo bem com ela e a minha filha. Então eu não entendia o que estava sentindo, me levantei e fui tomar um banho gelado para aliviar a tensão. Se aqui era de manhã em Nova York ainda era madrugada e meus anjinhos deveriam estar todos dormindo. Assim que amanhecesse eu ligaria para a Maria e pediria para ela ficar de olho na Demetria, algo dentro de mim dizia que ela não estava bem. Me arrumei e fui para o escritório, eu teria que me preparar para a reunião que teríamos com os novos sócios dentro de alguns dias, meu pai contava comigo para conseguir convencê-los a investir a quantia que ele queria no projeto da nova filial.

“E porque você não me ligou Maria?” – ela estava me contando que o Wil tinha visto o telefone essa manhã e chamado por mim. Meu garotão era esperto e eu sabia que dos dois ele é quem mais sentia a minha falta.

“Eu pensei que você estaria ocupado Joseph .”

“Eu sei que pode parecer besteira Maria, mas não tem nada mais importante para mim hoje do que os gêmeos e a Demetria.”

“Eu sei querido e eu sinto muito por tudo que está acontecendo, eu já tentei colocar algum juízo na cabeça da Demetria, mas ela é teimosa ontem mesmo ela chegou cansada e ainda teve que sair com o...” Maria parou, alguma coisa tinha ai.

“Saiu com quem Maria?”

“Ela teve que ir a um desses eventos de trabalho Joseph, o Louis pediu que ela fosse com o Matheus.” – Matheus de novo, quando esse idiota perceberia que Demetria era minha?

“E ela chegou que horas?”

“Eu não sei querido eu e Ângela já estávamos deitadas.” – respirei profundamente tentando controlar a raiva que eu estava sentindo.

“Maria você acha que algum dia ela vai me perdoar?” – eu odiava sentimentalismos, mas eu precisava saber.

“Ela te ama Joseph .” – eu tinha minhas dúvidas depois da nossa briga sobre o Wilmer. Se ele estivesse vivo era obvio que eles já estariam casados e eu nunca teria tido a chance de ter ela na minha vida. Pensar nisso me doía, saber que eu só tinha ela porque o meu primo não estava mais aqui me fazia me sentir um verdadeiro sacana.

“Cuide dela para mim Maria.” - eu falei com a voz sobrecarregada.


 Demetria

Depois da discussão que tive com o Matheus há alguns dias eu fiquei balançada, a vontade que eu tinha era de ligar para o Joseph e pedir que ele voltasse para casa, mas e as consequências de aceitar ele de volta? E se ele tivesse se envolvido com alguém nesse meio tempo? Meu telefone tocou e eu vi que era ele, senti um friozinho na barriga só que eu não pretendia atender, não quando eu estava me sentindo tão vulnerável.

“Atende menina.”

“Não.” – respondi para Ângela, até ela achava que eu estava errada em ignorar o Joseph do jeito que eu estava fazendo.

“Se você não quer fazer isso por você faça pelos gêmeos e pelo seu bebê, Demetria. Eles não merecem ficar longe do Joseph .”

“Má a issi.” – Wil entrou correndo pelo quartinho do bebê que estávamos terminando de decorar e arrumar.

“ A Lici fez o que amor?” - perguntei para ver se ele ia saber contar o que a Alice tinha feito.

“Issi” - ele falou de novo.

“Eu acho que ela está chorando Demetria.” – Ângela falou e saiu atrás da minha pequena. Segurei na mãozinha do Wil e fui ver o que tinha acontecido pela carinha assustada do Wil os dois tinham aprontado alguma coisa.

“Demetria...” – ah meu deus a minha princesinha tinha caído.

“Como você fez isso Alice?” – Ela conseguiu subir na poltrona, pelo visto, e quando foi descer deve ter caído e batido o rostinho. Peguei-a no colo e ela chorou ainda mais, o galo na sua testa estava bem grande.

“Ligue para o médico deles Ângela e pergunte se eu tenho que levá-la ao pronto socorro.” – falei preocupada.

“Issi.” – Wil apontou para a poltrona que ela tinha caído.

“Eu sei amorzinho, a Lice caiu não foi?” – eu perguntei e ele balançou a cabecinha.

“Mamãe já vai dar um jeito nisso Lice.” – falei e puxei seu cabelinho para trás. O quarto dos gêmeos ficava ao lado do quartinho do bebê e nós sempre deixávamos a porta aberta para que eles pudessem brincar.

                                           ***

“Ela vai sentir um pouco de dor, mas não é nada grave Demetria. Eu só quero que você fique atenta se a dor persistir e ela chegar a vomitar, se isso acontecer eu quero essa sapequinha de volta para que eu possa dar outra olhada nela.” – ele falou e eu fiquei mais aliviada. Voltei para casa já exausta, o dia tinha sido uma correria e com a Alice chorando de dor eu quase fiquei desesperada. Assim que cheguei subi com ela no colo, ela estava manhosa e eu a deixaria dormir comigo.

“E Wil ele não vai querer dormir sozinho.”

“Pega ele para mim Ângela, eu vou dormir com os dois.” – eu falei e ela sorriu, dormir com os dois era quase impossível porque cada um me abraçava de um lado e eu não conseguia nem me mexer durante a noite. Com a Alice aninhada e o Wil observando a irmã dormir eu senti falta do Joseph , eu queria tanto o seu apoio nesses momentos, se tinha uma coisa que me surpreendia nele mais do que tudo era a forma como ele amava os meus filhos.

“Pápá.” – Wil falou antes de colocar a cabecinha na minha barriga e dormir, toda vez que ele se lembrava do Joseph meu coração doía e eu me sentia culpada. Ouvi meu telefone tocar novamente e vi que era o Joseph mais uma vez. Fechei os olhos cansada, e pensando no que eu faria para dar um jeito nessa situação.

 Joseph

“O que você acha Joseph ?” – meu pai me perguntou, nós estávamos no meio da reunião e eu não fazia a menor ideia do que ele estava dizendo.

“Desculpe pai eu não prestei a atenção.”

“Nós estamos querendo saber o que você acha do novo orçamento Joseph .”

Voltei à atenção para a proposta a minha frente e nesse exato momento meu telefone vibrou, eu tinha recebido alguma mensagem, pedi licença e fui ver do que se tratava, com a Demetria grávida eu não ia conseguir continuar a reunião sem ficar preocupado.

                                 “Eu sinto a sua falta.”
Como uma mensagem tinha o poder de fazer meu coração quase pular pela boca? Demetria me reduziu a um bobo apaixonado, um homem dependente que eu nunca achei que fosse me tornar. Eu esperei semanas, dias e horas por um sinal de que ela me queria de volta. Eu sofri mais do que eu imaginei ser possível, eu chorei de saudades, perdi noites pensando nela e no quanto eu queria me redimir por tudo que eu fiz. Eu só precisava de uma chance para provar que podia fazê-la feliz para sempre, e essa chance tinha acabado de aparecer.

“Filho aonde você vai?” – meu pai perguntou assim que me viu passar como um furacão pela mesa em que estávamos discutindo os detalhes do novo projeto.

“Eu tenho que resolver um assunto importante pai.” – meu pai poderia lidar sozinho com o restante da reunião, já eu não queria adiar nem um minuto mais o meu retorno a Nova York.

Pensei em avisar Demetria que eu estava voltando, mas depois decidi chegar de surpresa mesmo, comigo lá seria mais difícil ela mudar de ideia.

                                              ***

“Joseph eu preciso de você aqui amanhã.”

“Não tem como eu já marquei meu voo, amanhã na hora da reunião eu já estarei em Nova York.” – meu pai me olhou furioso, dessa vez eu teria que deixar ele na mão, a minha falta nessa maldita reunião não mudaria em nada as decisões dos sócios, o que eu tinha para falar com eles já tinha sido dito.

“O meu erro foi ter abandonado a minha família por uma mulher Joseph . Eu achei que você tivesse aprendido com isso.” “Aprendi, e é por isso que eu vou para Nova York, eles são a minha família pai.” – Eles eram muito mais do que eu merecia eu sabia disso e é por isso que eu não ignoraria a mensagem da Demetria, se ela sentia a minha falta eu já tinha praticamente morrido sem ela.

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