terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Capítulo 24


— Por que me traiu naquela noite, Demetria?

A pergunta me fuzila e as pernas bambeiam. Paro de andar e estou cabisbaixa, sentindo-me um lixo. Em algum momento essa pergunta viria à tona, mas não me sinto preparada para essa conversa. Ainda assim, forço-me a responder quando Joseph ergue meu queixo, indagativo.

— Eu estava bêbada.

— Isso não é desculpa.

— É claro que não. – concordo, inspirando o ar profundamente.

— Sempre tive certeza dos seus sentimentos por mim. Sei que quando sua mãe foi embora, você surtou achando que não merecia nada de bom. E eu tenho consciência de que sempre fui sincero com você. – ele faz uma pausa e seus olhos se aprofundam. – O que houve naquela noite Demi?

— Eu fiquei com medo tá legal? – lágrimas irrompem, sem aviso. – Eu temia que você pudesse me deixar também.

— E por isso você me traiu? Para me afastar e fugir de uma possibilidade inexistente? – ele parece confuso com minha confissão. – Demetria, sei que é maluca, mas isso é demais.

— Nem os psiquiatras me entendem. – resmungo. – Naquele momento eu achei que era o certo a fazer. Estava tentando evitar um sofrimento futuro… caramba, eu não aguentaria se me abandonasse Joe.

— Eu não acredito nisso, não pode estar falando sério. Por que achou que eu a deixaria? – ele sacode os cachos, indignado. – Demetria eu amo você. – e então, perplexo com a própria revelação ele remenda: – Eu… eu… eu amava você.

Não me importo que ele tenha consertado a declaração. Suas palavras ressoam por todas as minhas células que, em júbilo, explodem em sensações e sentimentos avassaladores. Joseph é o homem perfeito. É o cara que descrevi naquele papel amarelado e amassado. E tenho vontade de me matar por ter perdido a chance de ser feliz. Será que está tudo perdido mesmo? Quer saber, não vou ficar com essa dúvida. Num ímpeto desenfreado, me atiro sobre ele, numa sede intermitente. Meus braços envolvem seu pescoço quando nossos lábios se tocam, vorazes, incontroláveis. Ele me puxa para mais perto e suas mãos grandes me prendem num abraço sufocante. Tombo a cabeça de lado e o gosto da sua boca é incrivelmente entorpecente, tanto que já estou viciada.
Meus dedos se agarram aos seus cabelos volumosos, numa ânsia irrefreável. Ele se inclina sobre mim e ergo uma das pernas, enlaçando seu quadril. Ah, agora a coisa pega fogo. Mas que droga, eu sempre estou errada. Joseph, como que tomado por um alerta de perigo extremo, me afasta nervosamente. Está ofegante e com cara de quem cometeu um grande erro. Ele não me encara nos olhos e me sinto uma biscate, da pior categoria.

O cara está noivo, merda!

— Demetria, eu…

— Desculpe, a culpa foi minha. – seguro as lágrimas, doida para enfiar a cabeça num buraco e não sair de lá antes dos oitenta anos.

— Eu preciso ir. – ele parece perdido, não sabe nem que direção tomar.

Joseph finalmente se localiza e sai andando, sem se despedir ou olhar para trás. Estou travada no lugar, apenas observando enquanto ele se afasta, a passos apressados.

Bem que aquele garoto poderia voltar com sua gangue, armados até os dentes. Eu abriria os braços e me deixaria ser metralhada. Os moleques não teriam noção do tremendo mal que estariam extirpando desse planeta. Tenho certeza de que Deus seria benevolente e abriria as portas do Paraíso para eles.

                                        ≈≈≈

Não consigo dormir.

Depois que desabafei com a Nanie, pelo computador, chorei por horas a fio, até as lágrimas secarem. Não estou me sentindo melhor, muito pelo contrário. Sei que a Samantha não merece o meu arrependimento, mas ainda assim, meu remorso é inevitável. Levo o antebraço à testa e acabo de sorrir timidamente, com os lábios retesados. Rememoro uma das cenas mais cômicas que vivenciei ao lado de Joseph. Foi na nossa primeira noite…

Estávamos acampando com dois casais de amigos. As três pequenas barracas já estavam armadas na praia quando a tempestade despencou dos céus. Corremos para nos proteger das gotas pesadas e gélidas, bem como dos raios apavorantes que riscavam a escuridão. A fogueira se apagou por completo quando fechei o zíper da barraca para duas pessoas. Hesitei quando me vi sozinha com Joseph. Eu tinha dezessete e ele dezoito anos. Sabia que não tinha escapatória e tenho que confessar que eu estava um tanto aflita. Ele acendeu a lamparina e pedi que apagasse. Joe não discutiu e ficamos na penumbra. Eu arfava com as possibilidades e senti calafrios quando suas mãos quentes alcançaram meus ombros.
Eu jurei não cair na gargalhada e me contive. Comecei a tatear e encontrei seu rosto. Meus dedos deslizaram por seu pescoço, ombros, braços, tórax e então, me detive em sua camiseta. Fui enrolando o tecido, puxando para cima. Ele colaborou e nos livramos da primeira peça de roupa. Seus lábios se colaram em meu pescoço, enquanto ele arrancava minha saída de banho. Fiquei apenas de biquíni e estremeci quando seus dedos acariciaram minhas costas.
Estava escuro e não via praticamente nada além daquele vulto que se levantou e arrancou a bermuda. Ah, Deus, minha primeira vez realmente iria acontecer. Um pânico se instalou na minha garganta, mas não recuei e nem pedi que parasse quando deitou-se ao meu lado, puxando-me para mais perto. Alisei seu peito franzino e permaneci por tempo indeterminado naqueles pelos que sabia serem dourados. Suas mãos, que antes estavam em minha cintura, agora subiam perigosamente. Ele me beijou com vontade e acariciou meus seios, agora ligadões em seus movimentos circulares.

Enlouqueci.

Subi por cima dele e os beijos ficaram mais profundos, úmidos e estonteantes. As mãos de Joe se firmaram em meus glúteos rígidos de tensão e porque não dizer, de tesão.
Despi-me de qualquer medo com relação ao que estava a ponto de acontecer. Sentia sua pulsação se acelerando, juntamente com a minha. E então, minha mão direita resolveu passear por aquela pele macia, deliciosamente em brasa.
Enfiei-me para dentro de sua sunga e qual não foi minha surpresa ao me deparar com aquela ereção imensa, causticante. Aí foi demais. Levantei-me no susto. Antes que Joe se desse conta, abri o zíper da barraca e saí feito uma louca debaixo da tempestade. Corria como se assim pudesse salvar a minha vida.

Quando relembro da cena, começo a rir sozinha, incrédula com tamanha inocência. Já tínhamos tido alguns momentos de intimidade, mas eu nunca me deixei chegar tão longe. Voltando ao patético cenário, eu corri muito. Caí duas ou três vezes no trajeto, mas eu não voltaria para aquela barraca nem arrastada! Eu queria sim fazer amor com o Joseph, mas a que preço? Aquilo que ele sustentava entre as pernas era, no mínimo, desumano.
Ficou óbvio que seria doloroso e não prazeroso. Como eu não havia percebido o tamanho daquilo antes? Continuei fugindo, sem olhar para trás. Mas então, senti mãos se fechando em minha cintura. A queda foi inevitável e caí com a cara na areia. Lembro que me debati, pedindo que Joseph esquecesse do assunto e me deixasse sozinha.

— Demetria, eu nunca a machucaria. – ele disse acima da chuva, mas não relaxei. – Precisa confiar em mim.

— Não dá Joe. – afastei-me e apontei para aquela coisa que saia pela sunga. – Você vai me matar com isso aí.

Ah, que estúpida!

Mas enfim, continuemos a narrativa:

— Eu resisti até hoje e não me importo de esperar o tempo que for preciso. – ele me lançou aquele olhar cheio de sentimentos e significados. – Não acontecerá nada que você não queira.

Uma sensação de segurança se apossou da minha insanidade desmedida. Eu precisava mesmo ter fugido daquela maneira? O amor que ele sentia por mim era escancarado, por que então esse pavor em elevar nossa relação a outro patamar?

Senti-me envergonhada.

Sentada sobre a areia molhada, puxei Joseph para um abraço, com o intuito de me esconder daqueles olhos questionadores. Um estranho frenesi tomou conta do meu corpo quando seus braços se fecharam ao meu redor, protetores. Fantasias, das mais loucas, começaram a me cutucar. Imagens do seu corpo sobre o meu, na areia da praia, debaixo dessa chuva toda… ah, isso seria incrível.

— Eu quero aqui e agora. – comuniquei, resoluta.

— Não precisa ser hoje.

— Mas eu quero.

— Acabou o clima, Demi.

— Você já disse isso antes e eu provei que estava errado. – meus lábios encheram seu rosto de beijos, escorregando até sua boca molhada. Não demorou muito e estávamos os dois rolando na areia, pilhados.

A partir daí não fiz nenhuma besteira. Deixei-me guiar pela intuição e pelas vontades do meu corpo. Eu clamava por ele, num desejo que me arrebatou.

E caramba, foi bom demais!

Estava tudo perfeito: a chuva, a praia, aquele fogo interno, as palmeiras que balançavam com o vento, nossos corpos unidos numa dança instintiva, selvagem, transcendental. Naquele dia, eu me deixei amar loucamente, afastando o medo insano, aquela voz vinda diretamente do meu ego que, vez ou outra, queria detonar com tudo. Debaixo daquela tempestade, eu o amei mais do que a mim mesma.



2 comentários:

  1. to chocada com o beijo
    poosstaa maaaiis!!!!

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  2. Estou jogada,morta nesse momento
    Ele disse q ama ela ai dps mudou falando q amava ai ela vai e da um beijo nele,eu to jogada no chao scoorr
    Quero mais quero mt mais quero mais flashbacks deles transando sim quero mt quero tudo scor
    ta mt perfeita
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    Xoxo

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