quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Capítulo 12


Capítulo 12
Demi não conseguia dormir. Horas depois que Joe a deixou em sua casa, sua mente continuava a mil por hora, revendo trechos da conversa recordando como a olhava. E embora mal havia tocado a durante toda a noite, uma mão no seu braço de vez em quando, um roçar de seu ombro contra o seu, estava tensa, rígida como uma mola que sabia que teria que soltar. Deitada na cama, levantou a camisola até os quadris e se tocou levemente por cima da calcinha de algodão. Logo deslizou a mão por baixo e se tocou daquela outra forma infalível que sempre dava satisfação. Esfregou o clitóris e moveu o dedo indicador dentro e fora de sua vagina, mas apenas sentiu uma pontada de prazer. Que diabos estava errado? Tentou pensar em Joe enquanto se tocava de novo, mas com isso só conseguiu se sentir envergonhada. Confusa, ela sentou-se.
Era melhor parar a tempo do que se sentir ainda mais frustrada.
Levantou-se e olhou para fora por entre as cortinas. A lua estava meio cheia e brilhante. Abriu-as para que a luz noturna iluminasse o quarto. E então, ao observar como as sombras brincavam na parede, recordou que Joe lhe tinha pedido que olhasse o livro do Bettie Page. Ele estava na mesa de cabeceira. Pegou-o e o colocou sobre a cama. A bela morena sorria-lhe da capa, quase lhe piscando, como se dissesse: "Não se preocupe".
— Aposto que você nunca teve este tipo de problema. — Demi suspirou. O luar não era forte o suficiente para que ela pudesse ler, assim ela se levantou e acendeu a luz do teto. Piscou com força e voltou para a cama com o livro. Passou as páginas procurando alguma pista do que Joe parecia tão interessado. Sem dúvida, era uma mulher bonita. Mas, era mais que isso, parecia segura de si mesmo. À margem de suas poses provocadoras, em seus olhos azuis havia um "brilho", como teria dito o pai da Demi. E em muitas fotos esboçava um grande sorriso que, de algum modo, era muito antiquado, muito americano em sua ingenuidade.
A primeira parte do livro, "Prelúdio de uma pin-up", mostrava imagens de uma jovem Bettie Page vestida de um modo muito normal, uma garota nada especial embora bonita. Nem sequer usava aquela franja típica dela. A próxima parte mostrava-a quando se mudou para Nova Iorque, um pouco antes de se converter em modelo. O texto dizia: "Era uma secretária anônima que trabalhava toda a semana e dava longos passeios solitários nos fins de semana, enquanto sonhava com uma vida mais glamorosa". Demi não podia imaginar que a bonita mulher e de aspecto dominante que viu na última parte do livro pudesse ter-se sentido solitária ou ter tido um trabalho monótono de escritório como secretária.Virou as páginas e estudou a progressão de Bettie, que começou vestindo sutiãs e meias com ligas, e terminou erguendo chicotes e sendo atada e amordaçada. Fechou o livro. Perguntou-se se Bettie havia sentido alguma vez como ela se sentiu aquela noite sob o olhar de Joe; em parte emocionada e em parte envergonhada. Perguntou-se se havia desejado alguma vez que um fotógrafo a tocasse. Pensou no pedido de Joe de fotografá-la. O que ela havia-lhe dito era certo? Odiava que a fotografassem? Sentia-se inibida enquanto a focalizavam e normalmente não gostava de seu aspecto. Não acreditava ser vaidosa, mas a ideia de como se via na sua mente não coincidia com o que via nas fotos. Perguntou-se como teria sido para a Bettie Page. Teria resistido a princípio? Ou teria feito por dinheiro? De onde tirava a coragem para tirar roupa? Demi nunca poderia fazê-lo e isso que ela vivia em uma época em que era mais normal que as mulheres se despissem. Quem não tinha fotos sem roupa na Internet nesse momento? Ou uma gravação sexual? Às vezes, ela se sentia como se fosse a única. Olhou para o chão, onde s encontrava a lingerie, empilhada num escuro montinho. Tinha se sentido muito cansada inclusive para lavá-la. Agarrou a liga e brincou com os pequenos ganchos. Ela saiu da cama, pegou a lingerie e aproximou-se do espelho de corpo inteiro que tinha apoiado na parede, junto ao pequeno armário, tirou a camisola e contemplou seu corpo nu, coberto só com a simples calcinha de algodão branco. Pensou em provar a cinta-liga para ver que como ficava com ela, mas deu preguiça. Em lugar disso, sentiu o impulso de tocar-se. Passou as mãos pelos seios. E não viu a si mesma, mas sim teve visões da atriz de Burlesque, a gota de geleia de mirtilo entre os seios, o dedo que subia por seu corpo até a sua boca. Não compreendia como aquela mulher era capaz de fazer isso diante das pessoas, ou como podia Bettie Page tirar a roupa em frente à câmara. Gostavam que as pessoas as olhassem? Fazia com que se sentissem lindas? Passou a mão pela barriga até os seios do mesmo modo que o tinha feito a atriz. Acariciou os mamilos e observou como se endureciam e se convertiam em dois pequenos pontinhos e imaginou que alguém a olhava. Desviou o olhar do espelho envergonhada. Embora fosse inegável o que seu corpo necessitava que fizesse. Retornou à cama, apagou a luz e deitou sobre as mantas. A salvo na escuridão, voltou a tocar os seios; dessa vez não parou até que sentiu a familiar palpitação entre as pernas. Moveu uma mão para acariciar levemente o clitóris, enquanto com a outra seguia esfregando os mamilos com delicadeza. Fechou os olhos, imaginou que Joe estava ali, sentado na beira da cama, observando-a, e pedindo que não parasse. Diria que não podia fazer isso diante dele e ele perguntaria: "Não é por isso que se mudou para Nova Iorque? Para fazer algo sexual, vivo e real?". Demi gemeu baixinho e mergulhou um dedo no seu interior. Imaginou Joe pedindo que deixasse-o fazê-lo. Ela negaria. "Não posso". Mas ele pegaria a sua mão a tocaria junto com ela. E então cederia e Joe a acariciaria com suas grandes mãos... tocando a de um modo que nem mesmo ela sabia se desejava ser tocada. Seu dedo se deslizou rapidamente dentro e fora, fazendo que se umedecesse com sua própria excitação. Manteve os olhos fechados com o rosto e a voz do Joe vívida na sua mente, enquanto sentia os primeiros tremores da liberação, uma quebra de onda que a alagou uma e outra vez até que pôde deixar que a arrastasse até o mais profundo do sonho. O som do despertador a assustou. Como podia ser já de manhã? Abriu a cortina. Não cabia nenhuma dúvida, o sol tinha saído com força. Demi voltou a recostar- se nos travesseiros. Ela tinha estado agitada e deu voltas a noite toda e, inclusive enquanto dormia sua mente não tinha parado de funcionar a mil por hora, com sonhos que a faziam despertar empapada em suor, mas que era impossível recordar. Por um momento ela pensou que o jantar com Joe Jonas tinha sido um desses sonhos, mas o vestido Miu-Miu no chão junto com os sapatos de salto eram a prova de que a noite tinha sido real e não um produto de sua ativa imaginação noturna. E então, envergonhada, recordou a fantasia que tinha tido enquanto se masturbava. Uma chamada na porta a sobressaltou.
— Está aí? — perguntou Selena.
— Sim. Está tudo bem? — perguntou Demi enquanto se sentava e passava uma mão pelo cabelo. Sua companheira abriu a porta. Ainda estava de pijama, uma camiseta do Juicy Couture e uns leggings da Athleta. Usava o cabelo em um rabo de cavalo meio despenteado e seu Iphone não deixava de soar já com mensagens de texto.
— Não estava aqui ontem à noite e quando sai. E não estava segura s havia chegado mais tarde.Então olhou a pilha de roupa no chão. Agachou-se e pegou o vestido Mil- Miu.
— Que diabos têm feito? Roubou a Bedford's?Demi se levantou da cama, passou a seu lado para ir à cozinha e abriu a torneira de água.
— Sério. — insistiu Selena, seguindo-a. — O que está acontecendo? Sei que este é um vestido de mil e seiscentos dólares no mínimo. E esses sapatos! Pensava que sentia devoção por seu fornecimento vitalício do Tom'S...Demi abriu a geladeira e tirou um pote de manteiga de amendoim Skippy e pegou uma grande colherada.
— Como pode comer tão cedo? — perguntou Selena.
Demi lambeu toda a manteiga de amendoim da colher.
— Ontem à noite jantei com Joe Jonas. — explicou.Sua companheira arregalou os olhos, com um novo respeito.
— Saiu com o Joe Jonas — repetiu.
— Exato — confirmou e voltou a colocar a colher na manteiga de amendoim.
— É uma bruxa com sorte! — gritou Selena entusiasmada. — OH, meu Deus, você me enganou, Demi. Passando-te por aqui como alma penada, tão caladinha, metida nos seus livros... Nunca teria imaginado.
—Acredite em mim, eu tampouco.
— É bom na cama? — perguntou Selena.
— O que? Não me deitei com ele. — disse Demi envergonhada.
— Bom, isso foi um erro. — decidiu sua companheira. — Aonde foram?
— Ao Daniel. — respondeu ela, enquanto procurava na gaveta cheia de bolsinhas de chá o mais forte que pudesse encontrar.
— Adoroooooo o Daniel. — exclamou Selena fazendo um beicinho.
— Quantos anos têm? É mais velho que nós, não é? Os meninos de nossa geração, de vinte anos, não sabem o que é um bom encontro.
Entende?É obvio que Demi não entedia. Não sabia nada de como eram os encontros com os meninos de sua idade, nem de nenhuma outra idade.E, por outro lado, nem sequer estava segura de que, o da noite anterior tivesse sido um verdadeiro encontro. Parecia mais como um estranho tipo de exercício, uma demonstração de poder de um cara que gostava de sair por aí esbanjando dinheiro e que provavelmente teria dormido com todas as mulheres de Nova Iorque e estava procurando carne fresca.
— Eu não chamaria isso de um encontro — respondeu. — Não vou mais pensar nisso.
— Ah, não. Não vou permitir que faça isso. — advertiu- lhe Selena.
— Fazer o que?
— Que fique obcecada. Não sabe como se divertir, Demi? Todas as mulheres de Nova Iorque desejam ter uma oportunidade com Joe Jonas e você tem isso, aproveita-a. Vive um pouco. A vida é algo mais que pôr livros em estantes numa biblioteca.
— Possivelmente não para mim. — replicou ela. Mas pela primeira vez começava seriamente a duvidá-lo.

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